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sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Claro Apocalipse

Um dia desistiremos de pregar algum sentido.

Um dia perderá a graça. Esse nosso jogo, de mutilar a vida a procura de algo que a valha.

Será tudo sem sentido. As pessoas não serão tão pessoas como hoje. As palavras terão sido esquecidas. Pelas ruas, cachorros gigantes ameaçaram mendigos com raiz no asfalto. Será um Apocalipse claro. Tudo consciente e sob o nosso olhar.

Poetas terão virado parede. E junto aos seus livros terão sido esquecidos pelo esquecimento. Poetas terão desaparecido. Crianças nasceram recentemente, mas tudo com cara velha. Mãos novas morrem assim que dão a luz porque de dentro delas saem filhos com luz de Led.

Seria uma loucura. Um dia desses chega esse futuro sem que a gente o considere novidade. Ele vem. Está a caminho. E vejam:

Não terá adiantado ter escrito tanta tese sobre tanta coisa. Não terá importado ter descoberto tanta pólvora. Tudo teria sido usado para o nosso próprio fim.

Talvez no meio do meio dia, um homem pergunte a outro:

- Lembra que tinha palavra biscoito?

E o outro, com o rosto fechado, responderá:

- Moletom... Moletom...

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