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segunda-feira, 24 de agosto de 2015

aquilo que me resta

foi esse segundo
ainda agora e aqui
aprisionado doce
entre os dedos vagos

a poesia se anuncia
sempre que a vida
engasga em beleza
tão breve e
por isso mesmo
tão distinta

não tenho medo
vive o segundo
e nele exista
inteiro, pois

haveria vida mais fulgás
que no beijo a te afagar
que na nuca despida
e carente de abraço?

haveria outra vida
que não só essa
só esse persistente
alarme dizendo

estamos aqui
estamos juntos
aqui estamos
juntos estamos

haveria?

outro motivo
para poetar
outro buraco
que não este

o do peito?

não tenho
não tenha
medo não
vai-te inteiro
como que pelo ralo
se afunde, amigo

será imensa a sua dor
tanto mais breve
for teu beijo.

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