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sexta-feira, 19 de junho de 2015

01 diário

dia dezenove de junho de dois mil e quinze.

nietzsche nasceu no mesmo dia que eu.

mas morreu oitenta e sete anos antes de eu nascer.
morreu nietzsche em mil e novecentos.
eu nasci dois anos antes do muro de berlim falecer.

                                                                

por que me seduzo tanto a isto?

por quê?

haveria explicação que não o amor por você, oh, poesia?

que possibilidade é essa que você me oferece?

que coisa!

que coisa linda!

que bem linda coisa mais linda!

                                                                                                      

estou cheio de cicatrizes.

mas o mundo também está.

não é sobre mim.

não deveria ser.

eu reflito parte do mundo.

eu sou apenas um punhado de matéria.

eu não tenho mais jeito.

                                                                                                                                                                                                                        
                                                          

marco em fotos, para não esquecer.

e mesmo que esquecesse, o verbo continua.

haveria conjugação possível para tamanha tontura?

algumas perguntas persistem.

e eu persisto junto.

eu, sempre eu, sempre tão fora de mim.

apesar das redundâncias.

rede aberta.

deep web.

eu conheço aquela coisa.

e então ele me disse:
não quer ficar?
eu disse:
não mesmo.
ele me olhou.
eu já estava a olhá-lo.
e me perdi
(não nele)
mas na conjugação dos verbos.

eu nunca sei em que tempo verbal devo estar.

deverias mesmo? ir?
ele me perguntou.
eu sorri.
ele sorriu.
nós sorrimos.
e depois só silêncio.

um abraço
um repentino abrigo
a poesia foi tramando
as partes
dos nossos corpos
e fazendo rima

meu abraço no dele
meu peito no dele
o dele no meu
mão nua na nuca
ele me ofereceu

um arrepio

era ele mesmo?
deveria sê-lo?
nunca me perguntei tais coisas

ainda estou perdido
tentando trocar a tinta da impressora

um silêncio
outro
sexo?
sim.
não?
eu disse sim.
ele sorriu
e eu fiquei mudo.

por que sempre ele?

e então ela surgiu
abrupta
não querem trocar o cd?
eu disse que não era cd.
ela disse:
a música
não querem trocar?

não queríamos
e ela se contentou
ficamos ouvindo a mesma coisa
a tarde inteira

e então foi isso
nada mais se passou
os beijos cessaram
e entendemos que aquela tarde
era aquilo ali

uma ficção qualquer
mas sem morte
sem drama
sem fim
sem nada
exceto: CONTINUAR

juntos

E reunidos.

foi lindo.
é lindo.
está sendo.

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