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quinta-feira, 30 de abril de 2015

Alguma coisa

É tentar
E não conseguir lembrar.

Se penso um traço
Ele sobrevive inerte
Sem esboço restante
A completar seu gesto
Hoje
Ultrapassado.

Alguma coisa
A tenacidade de uma alma
Há de fazer nascer.

Já não me lembro de seu rosto
O perfume não chega nem por nome
Nem por saudade
Você está indo embora de mim
Mais veloz
Que outros rapazes.

Me intriga
O motivo de tamanha pressa
Se me faço correr por desespero
Ou se por amor
Não sei

O que fica é o jogo incompleto
De tentar te ver em rosto inteiro
E só visualizar pedaços.

Juro que não consigo.
Estou tentando agora.
Tentando de novo.
Imagino a sobrancelha tísica
Um olho apertadinho
Mas se tento duplicar a imagem
Ela se esvai em onírica fumaça cinza

Que estranho.

Você está indo embora.

Sua imagem já não me orienta
E menos ainda me desorienta.

Já penso que o sofrer não seja bem sofrer
Seja apenas hoje um tipo de lenha
Que estala de pouco em pouco
Me mantém aquecido
Ainda que não veja rosto.

Estala
Estaca
Tudo hoje me soa muito louco

O ser humano é capaz de casa coisa.

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