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terça-feira, 17 de março de 2015

Sangue

A dor perdeu a força
O arrepio se domesticou
As mãos que antes me envolviam
Não vieram hoje
Não veio o amor

Fiquei só
A respirar química
Fiquei tranquilo em deficiências
talvez
Adquiridas.

Não quero dar voz ao meu fim
Não quero calar o calor
Mas prostrado
Aqui hoje estou

Sem mãe nem irmã
Sem amiga nem certeza
O amanhã talvez hoje
Sequer venha

Mas não quero aniquilar-me
Por apenas único motivo:

Tenho ainda muito a fazer
fora deste medo menino
Muito a realizar
fora destas cidades
Tenho muito eu ainda
que não piedade.

Deixo que goteje o nariz
Deixo o algodão tapar meu sangue
Deixo a possibilidade do fim

Bem
Bem de mim
Dor distante.

Conjuro primaveras
Rodeio-me versos
Posso não ter sete vidas
Mas hoje a Deus
eu peço:

eu quero só essa.
Quero só essa.

Essa
que ainda sou.

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