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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

mais outro engano meu

ai, que cansaço sem fim.

eu escrevi hoje cedo
que acordar sem necessidade
de escrever
é poder voltar à vida
sem mimimi

e então
foi sair de casa
para o dia atravancar
para te buscar entre os carros
entre as caras todas
que me passaram
sem nenhuma em mim
ficar.

que cansaço, que sem fim
por que viver isso?
por que assim?

pondero:
- já foi pior;
- se tivesse que morrer, já tinha ido;
- você vai sobreviver;
- isso e aquilo...

mas hoje não

hoje a sua falta é presente
todas as músicas são por ti
e para ti
a receita que fui cozinhar
a compra no mercado
o último cigarro

tudo é por você
quem ainda (eu tenho vergonha)
ainda amo.

pondero:
- liga, se encontra, talvez ele vai querer;
- mas e depois, diogo? e você?;
- relaxa, vai passar, vai passar...

e a vida não me oferece nada onde aportar
vivo aéreo tentando aterrissar
mas onde?
meu coração é muito grande
e, para piorar, está inflamado
chorando por todas as linhas
de seu tortuoso emaranhado.

pondero:
- vá dormir;
- escreve, diogo, escreve;
- (suspiro alto, mas ninguém me ouve);

estou burro
e destruído
sem esperança
sem sentido

estou maquiado
num futuro
que me desinteressa
numa fagulha
que finge estar acesa
mas que se apaga
assim que me viro
para escovar os dentes

eu estou ferrado
eu estou emagrecendo
estou doente
estou querendo máquina do tempo
para voltar
e consertar
o que nunca talvez tivesse jeito

...

eu vou dormir
assim, quem sabe
sem sonho,
eu me esqueço.



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