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domingo, 7 de dezembro de 2014

Luz

Talvez eu tenha
me orgulhado
Demais
De ter saído cedo
da asa
Dos meus
pais
Talvez tenha
eu divulgado
Demais
A minha dor
Feito fosse minha dor
Sensação que me move
E me apraz pruma vida
Toda.

Tolice.

Talvez
Hoje seja cedo
Mas talvez seja
Hoje apenas
Tarde demais.

Matei a possibilidade
Da vida
Quando para me manter vivo
Foi preciso dizer o quanto
Eu
Era e fui
Vítima dos tempos.

Matei a possibilidade da vida
Pois para ser herói
Privei-me e ainda me privo
Dalguma colcha mais fina e macia.

Sempre dormi em cama sem forro
Sempre pão seco sem molho
Sempre vista nua
Sem lente capaz de perverter o meu modo
De ver
Todas as vidas.

Viciei na morte
Como quem come cigarros
E embriagado
Permanece de pé
Fazendo quatro.

Viciei na dureza
Na crítica
Na paixão pela dificuldade
Viciei em rimas
E palavras cujo sentido
Sempre teve significado
Sem direito à sobremesa.

Confiei no peso de cada coisa
E no orgulho de
mesmo ralando-me
Conseguir
- ainda que jovem -
Dispor o peso sobre a mesa.

Fui um palhaço.

Que representou tanto o drama
Visando abrir sorrisos
Que ficou cego do humor
E vazio de amigos

Hoje
Os que me rodeiam
Sentem pena
Pena de mim
Mesmo.


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