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quinta-feira, 8 de maio de 2014

esforço para vingar a passagem das horas


tenho desejado muitíssimo amadurecer com a passagem das horas.
não é fácil porque corre o risco de se amadurecer superficialmente.
mas não custa tentar de novo e de novo, tendo em vista que
AS HORAS SEGUEM PASSANDO
então vamos, nelas, vamos nelas
eu pensei ontem
qual é a minha questão
se a de Hamlet é aquela
a minha não
não
a minha não
a minha questão
é que criei cedo um ranço do mundo
UM RANÇO DO ÓBVIO QUE ESCORRE RUA AFORA
CASA ADENTRO
FAMÍLIA E MORAL
ÉTICA E HISTÓRIA
histórias inúmeras
desenhando sempre o mesmo e piedoso destino
não!

então
a minha questão é que eu me afastei da vida
por discordar dela
quase por inteiro

exemplo:
quando todos choram
eu miro o corpo morto
eu lhe dou um beijo

isso não me faz especial, pelo contrário
ME FAZ IGNORANTE
porque eu compro com o mundo (imenso)
uma briga que não me cabe
uma briga já
desde o início
vencida (pelo mundo)

é HUMILHANTE a minha bondade num terreno tão terrível
como o estar vivo

então especulo mudanças
especulo elas todas
aqui comigo

eu deveria me colar
na superfície do mundo
pois
se já me acho capaz
(será que sou?)
se já me acha capaz
de ver
o que há dentro
de algumas coisas
se já sei olhar fundo
se já olhei a morte
e senti o seu cheiro ocre
então
talvez colado ao horror do mundo
mesmo assim eu sobreviva
e me divirta um pouco
e me divirta um pouco
mesmo ciente do horror que me impacienta

então vamos
quero surfar no drops
do rivotril
e nos televisores
quero o hipster
e usar
sobretudo
camisinha!

então vamos
deixa eu colar no chocolate
no photoshop
no iphone
e na sua voraz desmedida por comprar tudo o que não pode ter
porque não tens estômago nos olhos para compreender

o que é o vão deste mundo.

sigo só sobre superfície fingindo agora bondade
sobre o inimigo

quer me comer, mundo?
eu abro o meu cu
e te cago inteiro.

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