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terça-feira, 20 de agosto de 2013

Ventilador

Na hora
optei por sentir tudo o que viesse
Pensei que talvez fosse ser prudente
aprender a doer
sem fuga

Depois cansei
e quis o conforto
que não veio
A enfermeira fez arder todo um mundo
sobre a ponta escurecida
do meu dedo

Fechei os olhos
e cantarolei em silêncio
a dor é minha
não é de mais ninguém

Engano meu
esta dor é mais de fora
que de dentro
é mais de peito
que de dedo

Eis que agora
com mão imobilizada
tento escrever
e minha esquerda mão chora
sangue

Ligo o ventilador
em dia ameno
não para sentir vento
mas para afastar a dor
que me lembra apenas
o seguinte verso:

estou te amando
estou querendo

estou com medo
estou aqui
ser imenso
onde está
o seu beijo?

Sigo desbravando sonhos
para ver se te encontro
entre quadros
entre deturpadas animações
da mente
fervilhando entre desejos
sem fim nem começo

Onde?
Como?
Quando?

[...]
 

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