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sábado, 24 de agosto de 2013

Uma coisa que eu nunca te disse

Eu sei, eu sei
já me disse quase inteiro
Disse o óbvio
o que raspa a pele minha
e me entrega:
Te amo

Eu sei, eu sei
Não é novidade
isso do amor
de amar
isso de amar-te
de se perder
E se encontrar
apenas no outro (você)

Se você me pede
que eu diga algo
que eu nunca ousei te dizer
me assusta
entregar-me ainda mais
e afirmar
os medos imensos
sem nome
as coisas que doem
e consomem

Salto umas linhas
postergo o limite
O limite no qual será preciso
reconhecer:
isso de amar
isso de você
é-me inédito
é florescer
de força imensa
que quer me tomar
que quer me fazer abster-me
de mim mesmo
do meu trajeto

Você inaugurou em mim
o que tinha sem saber
o que sonho faz anos (sem ver imagens
em sonho)

As palavras hoje não me ajudam
a lua está de mal comigo
É só que o que sinto
não cabe
nem aqui
nem lá
É só que o que sinto
vai além mar
vai firme
e ondulado
feito carinho retinto
solicitando a ti espaço:
para ficar
firmar
fincar
e nisso
Germinar

Meu amor
agora tu me olhas
enquanto te escrevo o que tenho a ti
Meu amor
agora tu me miras
com olhar misterioso
Eu confesso
coloquei-me em abandono
desde que vim a ter você em mim

E se tu queres ainda saber algo de mim
algo que tu não saibas
Não me olhe com esse rosto
não me mire com essa fome
Eu fiquei pobre
não tenho nada
Exceto isso que me pulsa (a ti)

O que eu tenho e tu ainda não sabes
nem mesmo eu sei
porque é mistério
ansioso por desvelamento

O que tenho
é isso aqui
Vês?
Também não vejo
Medo imenso
façanha impossível
Medo intenso
verso indecifro

Vem aqui
em sonho, que seja
Vem aqui
decolando altos preços
Eu pago
eu dou-me um jeito

Te amar
(e isso talvez tu não saibas)
já não me é escolha
já não me é direito

É só o que me resta

Você me roubou de mim
e agora
resto eu, sem jeito

Promete-me
Não vá embora

Promete-me
Não vá embora

Promete-me
Não vá embora

sem antes eu te pegar no colo
e te provar presente
O fato insuspeito:
te amo além da palavra amor
te amo além dos verbos
e sujeitos

Te amo no tamanho desmedido
que corrompe imediato este
meu peito

E se te olho agora
e te escrevo
É porque sei
é porque sei

não há + jeito

Há apenas cuidado
recíproco
Não vou me gastar
Te espero
Te espero

Te impaciento
Me empacimento
Te onomatopéio
Me desoriento
Te presentifico
Me desfermento

Quem sabe dormindo
trago-te na velocidade da luz
para dormir aconchegado
aqui
aqui
aqui - repito -
under meu peito

Vontade de dormir contigo.

O que tu não sabes, guri, é isso:
eu não sei quão mais eu aguento.
   
               

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