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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Não quero soar bonito

Sei que assim me preservo
para a beleza minha
Que apenas seu olhar
até agora descobriu

Não quero soar destemido
Enclausuro-me em medos pequenos
para acessar a longa fila
de seres medrosos e incompatíveis
com o atual momento

Não, não quero desfilar
volumes ousados
olhos piscados
e saltar de pelos
bronzeados

Preservo-me
dos jovens que me quiserem
dos tios que me atentarem
dos narcísios inúmeros
que a mim vierem
se beijar

Não
Não vou temer
ser o feio do instante
pois sei que junto a mim
sobrevive o nosso segredo
confortante

Não vou
Não quero soar ouro
pois sei que seu olhar
desvenda aquilo em mim
capaz de brilhar

Portanto, não vou
Nem quero ir
Quero ficar
no penteado mais inapropriado
Ficar nítido
no desfoque intencional
Desfoque armado
para que a beleza minha
continue sendo apenas
aquela que tu me fizestes descobrir


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