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sexta-feira, 21 de junho de 2013

Vinho e batata assada

Eu não estou sabendo o que está acontecendo.
Faz dias as cidades do Brasil (e do mundo) estão expostas em suas ruas, gritando por algo que já não sei mais comensurar.
Que horror. Que vida. Que coisa estranha o acontecimento te assaltar e te roubar de tua vida.
Eu estava tranquilo, trabalhando e, de súbito, fui tomado para além do sono. Passo os dias tentando ficar presente, mas sinto desejo de beber vinho, cerveja, qualquer coisa que me possibilite aguentar a estranha sensação de estar solto no mundo.
Democracia, ditadura, direita, esquerda. Isso e aquilo. Estou perdido.
A poesia é minha única amiga.
Não sei.
Nem tenho medo de não saber.
Sobrevivo sobre paradoxo que oscila querendo ou não entender.
Faltei o trabalho. Vim para casa no ônibus tenso. Vendo pela janela as ambulâncias, as sirenes vivas, os policiais. As indumentárias pretas. Autoritárias.
Estou diariamente dentro de uma sala de ensaio, criando poesia para desfibrilar o mundo. E vejo, pelas ruas, pelas emissoras de televisão, o mundo ser desfibrilado via canhão. Não.
Não.
Vamos acordar sobre poesia. Sob linhas e rimas. Não.
Não.
Não.
Nunca fui tão assim, determinante, destemido, ao dizer que certas coisas não.
Certas coisas não.
Meu Rio de Janeiro, meu Brasil. Dorme em paz. Por uma noite, ao menos. Durma em paz.
Ou não.
Ou não.
Não.

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