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terça-feira, 4 de junho de 2013

Como se não houvesse amanhã

Faz frio aqui neste Rio. Talvez seja a violência, que anda veloz, nos oprimindo. A truculência, talvez, tenha feito as peles já acordarem assim, mais próximas da morte (que seja para testar). O mundo inteiro regurgitando iras e adentrando avenidas - não para sambar - mas para lutar como se não houvesse amanhã (porque o amanhã, desse jeito, a bem da verdade, não há).

E no meu quarto só eu mesmo. Vendo pela tela do computador as fotos ou photoshops me anunciarem outros enredos. Eu vendo tudo isso e pensando, meu pai, meu sei lá o quê, quando foi que perdemos o direito de ser? Ou então, o que fazem estes homens que ganham ainda mais dinheiro a cada manhã?

Penso nos meus vícios, nas minhas drogas, penso na dificuldade que pode me ser ter que não te ver por mais de uma hora, mas dinheiro?! Dinheiro? Não poder não ficar sem dinheiro, sem tocar, sem ganhar, sem tirar do outro para se enriquecer mais e mais... Isso não. Isso não pode. Deus deveria ter escrito que não podia. Não pode. Ele escreveu? Tem certeza que não? Não pode isso do dinheiro. Isso não tem freio. Isso atropela. Assim não.

Assim, definitivamente não.

Quando foi que algumas coisas no mundo puderam ganhar o rótulo de possíveis?

Quero exterminar possibilidades ciente do caráter humano e desprezível. Quero poder dizer, fazer, compreender, que não, que não, que isso não vai dar mesmo, que isso é isso e a possibilidade não existe para certas fomes. Não fome de dinheiro.

Abaixo aos shoppings, aos dilemas do compro ou compro mais. Abaixo a essa facilidade de nos escravizarmos em troca de mais, sempre mais. Que muro é esse que, já caído, ainda nos delimita como se os do lado de lá só quisessem uma coisa e os de cá quisessem apenas o contrário disso?

Mistura.
Amanheci enjoado.
Vomito para dentro.
Para ir acostumando o corpo ao seu habitat não natural.

2 comentários:

Milene e o Movimento disse...

Esse rio que faz frio ferve hostilidade.
De vez em quando te leio aqui tb :)
Bjk

caio k disse...

e Deus agora não é o Dinheiro?

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