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quinta-feira, 23 de maio de 2013

recado para mim mesmo ---

oi diogo

te escrevo já faz muito tempo. não lembro quando falei pra ti diretamente. a última vez. não lembro. mas fiz um desenho nosso agora. a sua cara. a minha. a nossa. e me deu vontade de te contar sobre como você tá sendo, sobre o que está sendo, sobre como anda você se movendo.

fato é: nunca cessarás de mexer no cabelo. num outro instante, um apaixonado te falou sobre isso. e disso você, inconscientemente, se apoderou. como mexes em seu próprio cabelo. não é orgulho. às vezes é vontade de se exibir. você tem disso, ao mesmo tempo em que tem um silêncio tão afiado guardado para as horas longas de solidão.

como trabalhas, tu. meu pai. você não pára. está preso, neste instante, a tanta responsabilidade que isso te faz ser uma coisa assim sem definição. não sei se é bom, você curte, gosta, acho que agora nem tem gostado tanto, mas é você. só que num outro tamanho.

você está cuidando da sua saúde? sei que estás, por isso pergunto, para não correr o risco de esquecer também dos ventos que afagam. a coluna está doendo. você sobre a cadeira, com essa cueca cinza apertando-lhe as coisas todas. você com camisa preta. usando cadarço do sapato vermelho.

você em processo de criação com duas peças ao mesmo tempo. três. quatro. umas vem outras vão. umas ressurgem e só te solicitam um pouco de atenção. você vivendo do seu trabalho, como nunca antes. que prazer. que alegria. se te olho agora em silêncio digitando sem olhar as letras do teclado, é só porque sei, que você está em casa com o seu grande e destemido sonho: de ser aquilo que se quis ser.

parabéns. eu preciso te dizer. parabéns, não por isso ou aquilo. parabéns por aceitar-se pleno, sem receio, sem melindre, sem silêncio tentando romper o risco. aceitas tudo. você se fez assim. seu peito transborda hoje, sabia? com tanto amor. tanta vontade. tanto beijo para dar, tanto sexo e toque e pelo e barba e amor. amor. assim, simples.

perdeste tu a possibilidade de complicar o simples. és comum, mais que nunca, incomum, por aceitar a possibilidade do amor. o amor é possível. quer tenha quem amar, quer tenha a si próprio, ao trabalho, à cidade... você ama. és todo amor.

chega, porque há muito a resolver ainda essa noite.

se eu puder lhe dar uma bronca (eu posso, eu sou você), eu diria, por favor, pare de enrolar e resolva logo o compromisso agendado. resolve logo. pare de deixar tudo para o depois do laço.

responsabilize-se pelos sonhos que você fez nascer.

um beijo
durma não muito tarde, por favor

você

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