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sábado, 29 de dezembro de 2012

recomeço

tentativa se confunde
com inércia,

já não distinguo
poesia do
dia-a-dia.

o suicídio
se escorre
por sobre cada ideia

mas é só imobilidade
na casa
no peito
e no sexo.

o cigarro
me espreme a consciência
e fico então
enevoado,

incapaz de alçar voo
incapaz de apagá-lo.

penso que em alguns dias
outro ano terá início

e me pergunto

o que farei nele comigo?

quando me levarei para dançar
e onde
onde
vou plantar a minha paz?

eu não vou dizer
que fiquei triste muito cedo
(eu já o disse)

nem dizer
que faz falta a mãe
(estamos nós dois
nos desentendendo
faz anos)

assim
compro livros
passo um pouco de fome
me deixo viver
que seja um momento
que seja num instante

a propaganda
a horta
a fruta

o refrigerante.

e durmo
como nunca
hoje eu durmo
certo
de que amanhã
ainda será noite.



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