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domingo, 11 de novembro de 2012

para você, filho perdido

não é o papai. é o papai fantasiado de um bicho. não é certo, mas é possível. foi possível. num dia desses, de cansaço extremo, eu me olho assim vestido e penso: o que dirão um dia meus filhos? como verão o pai que nunca viram? então eu ouso lhes dar - lhe dar - esta foto. para que nunca se lembrem pela metade do absurdo já tido. não se esqueçam do jogo (eu teria morrido ainda mais cedo não houvesse tanto jogo sorrindo comigo). portanto, olhem esta imagem e saibam. residia ai a alma e o meu espírito. muito cedo, filhos, fui-me e aprendi a debochar-me. diminuí-me primeiro que todos na ânsia de controlar o medo de estar existindo. me fiz de pequeno mesmo quando fui grande. mesmo quando todos sabiam disso, eu ousei ser mesquinho, não me acreditar e fazer de mim, bicho qualquer. bicho possível. hoje, portanto, se me olham nesta foto - saibam: era eu o tempo inteiro assim. a máscara é puro senso denotativo. o dentro o dentro de mim o meu eu que nunca veio a bailar tão fora quanto aqui resta explícito - o meu eu era isso. pura mascarada.

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