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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

átimo

escrevo poesias
como quem trama o futuro,

se engasgo
pensando na vírgula
é como se não soubesse
se as férias seriam
em janeiro
ou em julho.

escrevo-as
como quem trama
as reviravoltas
não-tramáveis:

não adianta dizer que vai tentar parar
ou você cessa o cigarro
ou ele estará sempre ao seu lado

feito rima
doentia com ar
que junta tudo
num só átimo
e faz amor
parecer coisa comum.

escrevo tanto
que em uma vida
talvez não me coubesse.

sorte a minha
ter página em branco
sempre que a alma
me aborrece.

sorte a minha
tramar versos
como quem trama esquinas,

ando
ando
subo ônibus
desço avenidas.

é sempre preciso
vagar cidades
até descobrir o sentido
da solidão
de um quarto
de século.

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