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domingo, 10 de junho de 2012

cinismo justo

eu uso as palavras mais erradas
para descrever os mais errados
absurdos.

sim,
nem todos são erros,

alguns no entanto
sobrevivem na ultrapassagem
das horas
e limites:

família

absurdo inicial

quem inventou essa lógica
de laços

extracorporais?

rompeu não rompeu?

o cordão
os cabelos
a ciranda de festas comemorativas

família nasce rompida
desde o gemido nascimento
primeiro

então

PERGUNTO

então

NÃO ESTARIA TUDO ACABADO
TUDO LIVRE PARA ERRÂNCIA ETERNA?

eu queria que sim

mas a gente se exige certas coisas
que no fim das contas
apenas dinamitam

inda mais

IMPACIÊNCIA.

deus!

eu não acredito em ti

e é por sua causa (inexistente)

que ontem minha mãe me chamou de herege.

quer dizer,
minha mãe me chamou de ateu
herege
e nem sequer me perguntou
antes disso
como eu ando fazendo desde os quinze anos para ser gente?

ser gente
assim
sem ela ao meu lado dizendo como seguir apesar de tudo.

eu quero dizer
deus

é heresia aprender a se virar sozinho?

eu não vou à missa
eu detesto o cinismo

mas sofro

as ausências sacrais
como sofre o doente a bile
a bula à embalagem

eu me dobro e tento operar
sincero

a possibilidade sempre nova
e crua
e nua
e dúbia

do embate.

ser (cínico) ou não ser (cínico)?

eis o desvão.

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