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sábado, 5 de fevereiro de 2011

Malásia

é o que te falta
esta doença
esse ser propenso
ao delírio
e ao corrimento.
te falta, eu sei
olho no seu olho e
(não) vejo
miro teu escarro
e é translúcido
ou seja
nada em ti reverbera
ou seja
isso indica que és puro
infeliz
nada em ti cria azia
e nisso sofres
da felicidade dos ignorantes.

eu te chamo
vem
sente-se
eu sei ser educado
te assusta?
sentar ao meu lado?
fica
mais uns minutos
espera
respira comigo esse mesmo ar
acende o cigarro
não fumas?
eu também não
eu também não
mas podemos mentir
eu te ajudo
mente
vem?
eu te chamo
eu te convido
te convoco
te ponho ao meu lado
e por baixo
sorrateiro
te invado
ponho a mão no negócio
movo rápido
esse gestus
esse treco
esse lapso
e desnudo-te sob a mesa
fatiado
e te faço de tão certo, incerteza
e assim
te consumo
estás doente, me precipito ao rumo
ao centro
e peço
para os dois
um café
todo amargo
e já meio calmos
sim
já meio mexidos
eu lhe digo
está doendo?
você não fala
você não tem palavras
mas pode enfim
agora
dizer algo
que não seja
esta cegueira
maldita
dos que não tem vírus
dos que não tem derrame
dos que não tem nada
exceto fatos


se você quer mais do cancro, tente
privo-me sim, privo-me não

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