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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Somatizo

nada especial acontecendo
talvez nisso eu perceba
o normal agindo
o que não é especial, a princípio
mas há tanto
há tanto aqui comigo
os projetos
os filhos
as cobranças
as metas
destinos
eu querendo tanta coisa que não me consigo
ficar em pé
restar tranquilo
e vou dormir sonhando
e acordo perdido
porque a realidade é mais sonho
do que vazio,
como costumava ser
como costumava ser.
eu então sento aqui
venho até você(s)
e escrevo
e escrevo
hoje tive vontade plena de escrever um livro
se chamaria
LOGO EU QUE NÃO TENHO HISTÓRIA PARA CONTAR
não me lembro
acho que foi
o nome
acho que foi
EU QUE NÃO SEI CONTAR HISTÓRIAS
ou algo assim
parecido
eu ficaria tentando te contar esta história que não tenho
que talvez nunca venha a ter
e por quê?
eu queria saber apenas isso
apenas isso
o porquê de não ter histórias junto comigo
o porquê de não ter ficções me brotando o corpo
tudo em mim está tão impregnado de vida
que eu não sei
eu me sinto preso
e só mesmo dizendo isso
para sentir a coisa indo se soltar
vai
solta de mim
me desimpede
que eu invento de novo
outra forma de criar fixação
que não mais drama
que não mais você
eu sou alguém que ama
mas sem desespero
eu sou comum
eu sou
como tantos outros
alguém passageiro
que num já já
próximo ou não
há que se dissipar

me chama?
eu vou com você
ver o arco íris que hoje quase ninguém viu
eu vou com você rumo ao que já sabíamos não existir
nada prévio me conforma ou assusta
vamos tentar o que não se tenta
vamos fugir das linhas
por favor, eu te peço
vamos deixar de ser poesia.

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