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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

inseto

eu ia matar o inseto
por medo, eu o mataria
e alguém distante
ao me ver esmagando-o
contra a parede da sala
diria ter eu inveja
inveja
por não poder voar
e ser negro.

eu mataria sem receio
não tivesse ele se chocado
contra as paredes
como se ele mesmo
fosse dar fim a si próprio
tamanho seu desespero.

eu teria o matado
sem freios
não tivesse eu percebido
já no meio
que o que temo é passageiro
que o temor é só receio
de se reconhecer capaz de amar o que não é pleno
de amar o que não reluz nem brilha
de amar o que apenas é
sem mais nem menos
sem adorno e sem recreio

ele veio
invadiu minha casa
fez barulho sobre o rádio
e onde ele está
que não vejo?
onde ela está
que esta poesia
é incapaz de lhe deter?

voa dentro da noite.

e eu aqui,
tramando versos.

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