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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Num dia

Um dia eu vou olhar e dizer
nunca se produziu tanto
e tanto sem necessidade.


Num dia eu direi
meu deus, que pai eu fui
o todo que fiz foi sobretudo
atrocidades.


Num dia outro então direi
meu deus, ainda bem
que os tenho ao meu redor
tantos pedaços
todos são o cálcio
que alivia a minha descida
todas são mola
propulsores nessa ida
sem fim
que teimo em seguir
ida sem fim, eu digo
que teimo em tecer


Num dia mais, direi
deus, não sabendo porque os fazia
hoje aqui vendo-os assim inda reunidos
eu então diria
estou seguro
estou cindido
pronto para morrer
e deixar gosto a este mundo.


Um dia, por último, é certo, eu então diria, deus
Como pude ser alguém que confiou tanto no nada?
Como pude ser alguém assim que só confiou naquilo que nunca soube

naquilo que por vezes
assim
não mais hoje
mas que num dia, assim, olhando
eu teria dito:
para quê serve isso?
esse suor frígido
boca semi-fingida do secor


Um dia, ao fim, eu direi
meu peito rachou
partam de mim
desde que me levem em seus sorrisos.


Uns me deixariam perdido inda aqui dentro
outros me levarão às alturas e de lá
me devolverão ao íntimo do mundo


Não importa
nessa vida
vale mesmo
este segundo
já ido
segundo partido
partido seguro
sim, oh, tempo
eu sobre ti agonizo
feliz de alergia
cheio de tédio
tão capaz de ser incapaz
tão potente para o mesquinho


Num dia comum, mais um, apenas mais um
eu então me diria
cara, você teve em si
todos os sonhos do mundo
e então
traço-fim, como vaso tão cheio
que precisa de susto abrupto,
eu partir ia


Num dia comum
como este
como aquele
como este, enfim
assim como
acontece nas ficções
de pudor.

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