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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A Possibilidade da Carne

a vontade que eu tenho agora é de somente te dizer carícias
de mexer no seu cabelo
fazendo nele novas rimas
de tocar sua pele
a tempo de ver nela a minha sombra sendo vida
tempo
eu te olho eu te coloco
sobre o meu colo, em ti alimento
o nosso doce desastre.

a vontade que agora me digere
é somente permeada por abraços
e são tantos
e tantos mais
que tudo é mais forte
que juntos seremos improváveis
nossa dor é demais
é por demais linda
e a nossa beleza
só se enerva
nosso sublime não se ameniza
ele vai
sempre mais
ele é vício
contamina.

a vontade agora
é de dormir recitando seus pêlos
retirando a gravidade dos acentos
e pelos caminhos da pele
ir criando outro relevo
outra configuração
erguer outro prédio
um só nosso
sobre o terreno baldio
que não mais será
o meu
o seu
nem os nossos
corações.

vontade de fazer neblina
e nela brincar a sua busca
brincar o seu rastro
rastrear no ar
pelo vento
sua saliva
sua gengiva
sua dente
e abocanha a possibilidade da carne
ela nos azucrina.
sim.

a vontade agora como eu quero
é de chorar miudo o nosso desastre
a nossa longevidade
a nossa longetude
a nossa distância
sim
digo, não
eu quero você aqui
você não?

melhor assim.
melhor não ter resposta.
ter certezas é pedir para engasgar
eu aqui me excedendo em doçuras
eu aqui diabético
dando a você
a doçura capaz de me aniquilar.

é isso não? essa coisa de amar?
mèrde.
                                      

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