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domingo, 3 de janeiro de 2010

Talvez

Vem aqui.
Eu pouso sobre ti minhas duas mãos.
Não bem sobre ti
mas sobre a tentativa minha
da nossa definição.

Vem. Ou não,
apenas me aceite
sem anteceder dentes
me aceite desse jeito
insensato vulgar
voraz carente
com as unhas roídas,
todo impaciente.

Tudo isso sou
você quem faz

Tudo isso sou
você que alimenta

Tudo isso sou
você que determina

e quando eu deito ao seu lado
e te peço aquilo que nem sei compreender
você me olha vazio, ora
é certo, se nem mesmo eu sei
como poderia você?

Eu sigo
ao seu lado multiplicado.
Quando me sento na cama
mal se faça o amanhecer
escrevo já na pele o receituário
e então, é no descer do café
eu sei
tu sabes
a gente bem que já se entendeu
que por você eu hei de me falar.

Esbarrando
Esmurrando
A gente se ama
e isso não conseguimos
abandonar.

Eu deito aqui
em você

Eu deito aqui
sem você

Eu deito aqui
e nós urgimos:

revelando que há dia à noite
revelando que há sonho que se molda
no simples apertar dos dedos
no simples abraçar das mãos
há sonho que se constrói
por vezes
dizendo apenas um sim
dizendo apenas um não.

Sim, você disse um dia
Não, eu tentei me deter
Talvez seja esse o mistério
um ser para o outro
aquilo que ainda não se pode

compreender.

Um comentário:

Giacomelli disse...

Belíssimo, comparsa!!!

Adorei a finalização!

E eu também rôo as unhas.

Vou acrescentar na minha lista de vícios a abandonar no ano que começou!!!

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