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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Eu tenho pressa

Não para correr
mas para te assegurar
nem sequer para chegar a tempo
mas para ele digerir
e ir sem voltar
e ir sempre indo
sem pressa de parar.
Pressa de ser presa
de me deixar nas bocas passar
meio mordido
meio comido
meio propício
para a gênese do absurdo
meio precipício
e fundo alto
e vasto rio
nisso, pressa eu tenho
para engessar o instante
e viver nu
passado em futuro
voando despedidas e reencontros
nada se efetiva
exceto o vôo
nada se efetiva
exceto o rolo
entre os tapetes
que não todos meus,
um toque aqui
outro ali e por aí
assim
vemos:
amanheceu e ontem estava anoitecendo
mas o meio termo
meio ingênuo
mas
foi-se
com gota total resvalada
como sorriso consumido na chegada
ou doído na partida atrasada
de quem se foi
e sabemos bem
para não voltar.
[Meus versos estão viciados]. 
Amanheceu aqui em casa
Amanheceu o mundo
eu luto, persisto
descrevo
eu nulo a dificuldade
e faço dela alegoria
faço dela metonímia comedida
que diz aos poucos
sua vã agonia
de ser todo em cada parte
de ser ser em cada arte
destas mil
que especulamos
para dar conta
do nosso excesso
de verdade.
A mentira já existiu?
Acho-a a existência mais sincera
de todas.
Feito mentira-fosse-amor
Feito mentira-fossa-verso
Feito verbo-fosse-mentira
Fosse o menino-men
sai a problemática dos conceitos
aumenta o som e dance nu na sala de casa
É o que vou fazer
enquanto a manhã decide
se vem ou racha.
  

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