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sábado, 12 de dezembro de 2009

quina.

dobrai-me ao meio
empacotai-me
quero ficar preso
colado
algema meu corpo
e esquece junto a ele
por favor
um pedaço seu.

deixa esbarrar uma perna noutra
deixa os pêlos juntos se arrepiarem
deixa
ninguém vai perceber
eu não vou
você não vai querer
é o nosso tempo quem se vai
fiquemos nele colados.

eu te agradeço
pelo chute pelo esbarro
pela sinceridade desmedida
por podermos nos ver assim
nus
sem vergonha da pele ferida
pele vencida
pelo tempo
sempre por ele
por sob
por sob ti.

empacota-me nos seus beijos
me faz pequeno
me faz ser todo
inteiro
pequeno volúvel potente
desejo-te,

para em mim se colar
para em mim ruir o seu corpo
e junto a mim se despedaçar

vamos juntos doer
vamos juntos distrair o tempo
porque assim é tanto quanto não
compreender.

fiquemos
assim ao chão jogados
fiquemos
assim às cinzas dos cigarros
queimados

eu não me importo
desde que seja ao seu lado.

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