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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

imobile

viu como bailam?
sim, meu filho, isso não é por insegurança
não é por arrogância
mas elas bailam ao sabor do vento
é clichê
é clichê porque é muito concentrado
porque às vezes inda assim nos surpreendemos


olha de novo, como bailam
ao vento, querendo dizer algo que só saberemos depois
quando, sim, quando já estiver chovendo
quando for neve, fogo
elas sabem tudo antes pelo vento
olha como se tocam
agitando com extrema rapidez a informação do tempo
presas no espaço
mas capazes de reinar
de crescer
germinar
indo longe assim
sim, é mesmo difícil acreditar
mas olhe de novo

filho, o que elas querem dizer?

será que estão chorando? eu olho para ti e é o que você parece conter.
essa pergunta, será que choram?
mas estão tão verdes
tão puras
tão ventania, isso seria loucura
choram? escorrem o verdume sob forma de canção
caule abaixo indo rumo ao chão
o que acontece?

não seria ao invés do choro uma prece?

olha lá,
tão calmas quanto o silêncio
tão imóveis quanto indecisão
dançam um som que não sabemos
conversam entre si, pelo contato às vezes curto às vezes tempo/vento
conversam juntas todas elas sobre aquilo que nós fizemos
não jogue no chão
me dá que eu guardo e jogo no lixo
já te disse que é falta de educação

mas não.
olha lá... não é falta de educação
é falta do senso verde da direção
do onde ir para quando seguir
o que vamos fazer
elas continuam falando
do horror imenso que é ser homem

espere. fique. olhe. não me toque.
vamos juntos ventar, apenas.

apenas ventar, venha junto.


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