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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

dessert

sugam energia, os seres deste mundo.
sugam tudo, sugam poesia
lambem os versos
mudam as ordens
invertem hierarquias

como depravam
os murais nas esquinas
como lançam por cima
outra casca
outra - às vezes mesma -
rima

sim, seres desse mundo sugadores
diante da beleza estupram a flor
objetivam seu eu
seus encantos
próprias são suas dores
seres sugadores
seres incapazes de um toque
que não seja este
o do desfacelar
o do tocando te abro
o do tocando sou capaz de te comer
em mim te fazer germinar

mas não! seres sugadores,
o que puxam é a vida
estão dragando a atitude
estão esmoeçendo a crença
eu não vou dizer rima
porque até mesmo no nulo do verso em branco
seres sugam vocês o medo
sugam até mesmo seres o abandono
e tudo é matéria
tudo é engenho
usina queimando o meu corpo
usina sugando meu tempo
lendo estas palavras
as conjugando sozinho
seu ser
sozinho, sem ver nem ler
o mundo

seguem seguros
seguem destemidos
seguem partindo e deixando o caminho
através dele
restos de uma compaixão vencida
restos de mãos partidas
na tentativa - minha -
do encontro.

seres,
eu clamo
toquemo-nos.

pela língua
pelo verbo
pelo protesto
assim eu espero
não quero concordar
não quero mudar seu gesto
quero apenas saber - por você -
que as coisas não morrem em si
que as coisas morrem com o outro

com você ser que seja
com você.

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