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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

MAS NÃO ISSO!

pode ainda haver algo genuíno, ainda algum princípio intocado
alguma incongruência sem apuro, pode?

a sensação de desgaste percorre todo o corpo e o desconfia
ele já não crê em outra coisa que já não tenha sido consumida
gasta, coisa prevista hoje já nos dicionários
discutida nas rodas de qualquer praça

mas pode vir ainda infortúnio maior e pior que os de agora
podem nascer ondas mais profundas, tiro mais certeiro
tenaz profundo, gritos excessivos nos agudos
com medos inda mais obtusos
pode?

ele pergunta sem inclinar o rosto aos céus

em silêncio, segue questionando
poderia haver em mim, neste momento, alguma fé nas coisas divinas

ou se não, já consolado
alguma resignação quebradiça, alguma certeza vencida?

ele pergunta sem inchar o coração

em silêncio, segue - sem perceber - desmontando
poderia haver em mim, neste segundo, alguma fé no movimento
alguma persistência no abstrato escuro
ou céu
ou no vazio deste papel
ou mesmo neste véu
(que cobre a donzela agora plena)

ele pergunta tentando causar no corpo qualquer irritação que o permita
perder

qualquer desmedida que o faça
sofrer

sim, pede aos céus sem sair do lugar
alguma coisa que me deixe incerto
que me faça moleque outra vez
naturalmente fácil de se enganar
mas não isso!

eu quero crer que fui enganado
eu quero crer que foi trapaça
anda, apareça! saia de dentro dessa caixa e fala alguma coisa

coloque as mãos sobre mim e faça chifres em minha cabeça
vem me ofende faz qualquer coisa por favor
mas não isso!

só não me inove pela sua morte
só não me inove pela sua morte
não pela sua morte
não por ela
por ela não


!


eu quero ser reinventado pelas borboletas
pelos romances de cabeçeira
pela magia pelas esquinas
ainda agora e outra vez
pelas coxas dos meninos

mas não pela sua morte
não mais pela sua morte
não por ela
nem por você
por você não não,
tudo mas não isso!

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