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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Liberdade poética

Clark - Vai de escada ou de elevador?
Juice - Vou esperar o café esfriar. Pode derramar.
Clark - E depois, vai de elevador ou de escada?
Juice - Escada.
Clark - Você já chamou o elevador.
Juice - Ele não chegou.
Clark - De escada você vai suar.
Juice - Depois me seco.
Clark - Vai ficar fedendo.
Juice - Ponho mais perfume.
Clark - Onde?
Juice - Pulsos, nuca, face e cabelo.
Clark - O elevador tá demorando mesmo...
Juice - Quer café?
Clark - Está quente?
Juice - Frio, mas adoçado.
Clark - Adoçado com açúcar ou mascavo...
Juice - Mel...
Clark - Mel?
Juice - Mel... Por isso iria de escadas, se elas chegassem.
Clark - Estão aí.
Juice - Onde? Não vejo.
Clark - Abra a porta.
Juice - Não estão. Disseram que iam comprar chocolate.
Clark - Quem disseram?
Juice - Susan e Candy.
Clark - Elas?
Juice - Sim, elas.
Clark - Me dá um pouco do seu café?
Juice - Está frio.
Clark - Eu sei, mesmo assim.
Juice - Perdão, mas está na hora de subir.

Juice entra no elevador. Vindo do lado de fora, correndo, Susan e Candy sinalizam a Juice que as espere.
Não acontece mais nada. O tempo nessa história pára. Não tem mais futuro, nem antecedentes criminais. Foi tudo inventado para nada. E agora, como se faz? Ficará por quanto tempo na memória a noção de Candy, Susan e Juice? E Clark, veio mesmo a falecer, ou personagens são imortais, nascem e seu fim é perdurar e eternamente ser?

Não direi mais seus nomes. Ficarão lacrados no meu silêncio, incapacitados. A liberdade é minha. Nela eu te absurdo eu te horrorizo eu me refaço. Nela, a tal liberdade, sou eu quem falo. Por sua boca, eu sei, mas eu quem falo sou eu quem fali, eu quem fale.

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