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sábado, 2 de maio de 2009

uva passa

permita ao corpo
ser outra coisa
que não só esse arranjo
de dores
já consumadas.

deixe que as dores
estas de sempre
se reinventem

e criem em você
nova possibilidade
da derrocada.

permita ao corpo
confundir seus sentidos
permita-o levar adiante
sem saber por preciso
quê adiante significa
isto.

deixe que isto
seja tão concreto quanto um nada
tão concreto feito uva
que ainda é uva
ainda é mais quando passa.

no corpo memória encarnada
no corpo os volteios de si mesmo
resplandecem em
estrada,

és você seu próprio caminho
és você seu tudo
sou eu meu nada

deixe-se matéria concentrada
deixe o tempo escrever na pele
a sua errância
nunca arbitrária,

pois passa
sempre passa
mesmo sem passar.
.

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