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segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O que há de novo ao meu redor

A mesma sensação outra vez de mim se apodera. As partes do quarto estão confusas e eu me sinto ligado a todas elas. A cada poeira eu me sinto responsável. Aos livros jogados eu me responsabilizo. Eu sou a culpa deste estado, deste resultado.

O que há ao meu redor ainda é o mesmo. Meus olhos, diriam, outro lugar podem enxergar. Mas não acho que seja assim. Acho que talvez estejam ficando cegos ou pelo menos, meus olhos estão cansados de apurar. Cansados de olhar demasiadamente para o mesmo redor e disso dizer - tirar - alguma beleza. Há tanto esforço nessa tentativa do belo. Que confusão.

Nada decerto é tão novo assim. Eu não saberia perguntar o porquê. Acontece que entre os livros e poeiras alguma coisa remexe e me chama atenção. Ao mesmo tempo eu penso como tudo está tão imóvel. Como as coisas todas escolheram o silêncio para nele dormir e quem sabe morrer. Mas é tudo metáfora. A prateleira ainda está no chão, de pé. Os livros nela empilhados querem ser lidos, querem ser acariciados.

Eu é que estou perdido. Com tanto novo ao meu redor vejo meu olhar frisar o já percorrido. Eu vejo o que quero e não necessariamente o que preciso. Eu estou aqui trancado. Quanto de novo pode em mim haver? Não saberia dizer. Já não importa dizer. O medo de perder mais alguém talvez me faça chorar. O medo talvez me faça interpretar a sua respiração e ver nela o seu medo também.

É confuso. Não é para vender. Isso que há ao meu redor, hoje eu sei, nem sempre me fará viver.

***

Eu fico lendo e revendo. Indo e voltando aos meus filhos e outros textos. Quanta fixação na vida e na morte! Como posso tanto assim dispor em palavras? É tudo maior do que a existência. Falar de vida. E de morte. E de desistência. É tudo assim tão maior do que eu? Talvez para os que acharem maior. Talvez eu devo dizer não seja tão distante assim. Eu estou morrendo. Você sente? Em você, você sente a vida partindo. Não correndo nem fugindo, mas passando feito mão do destino por seus cabelos e segredos e desvelando seu íntimo? Eu assim sinto. E sinto muito. Com muita precisão. Se fecho os olhos sobre o chão da sala eu posso desenhar. A vida respirando junto ao corpo para depois num desvio do ins e do expirar, simplesmente assim me abandonar.

Simplesmente assim me abandonar.

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