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sábado, 23 de agosto de 2008

Museu de mim

Não é nenhuma exposição.
Este museu que estou construindo
é antes de tudo a minha prisão.

O meu pedido para mim mesmo
de afastamento do mundo
de exclusão do convívio
porque é isso que preciso
caso contrário
perderei mais amigos
matarei todos antigos
e depois
mesmo sincero
me assustarei
por não ter percebido o que minhas mãos sempre fazem.

Esse museu que estou construindo
É para que saiba eu ouvir o silêncio
É para que não tenha corpo outro
(afora o meu)
no qual faça a pele magoar.

Não quero não estar com você
com vocês
mas sendo sempre ferindo-os
eu não posso aceitar.



Preciso crescer
embrutecer
perder essa inocência que me deixa besta
mas, eu sei
jamais talvez
deixarei de ser assim
como sou
quando puder olhar nos seus vários olhos
e dizer
O importante para mim é poder estar aqui diante de você, olhando nos seus olhos, e dizer...

Pois é, amigos
Estou entrando nessa por vocês
Mas por mim também.

Estou saindo quieto para longe do convívio que tantos insistiram em me chamar
e que depois de tanto recusar
e ir
agora foi preciso retroceder
porque foi nesse convívio impreciso
que fiz na minha vida o seu respeito ir se perder.

E tudo isso sobre vocês
e tudo isso refletido em mágoas
em mal entendidos
em falta de clareza tão conforme é noite
e grito.

Não soube esclarecer
E tudo parece essa mentira

Tudo parece mesmo isso que todos querem ver.

Porque há alguns que só querem mesmo ver o circo pegar fogo.



Mas não sou palhaço.
Sei rir de mim mesmo,
mas não me peçam para rir das minhas dores ao mundo inteiro
Não me peçam para pintar novo coração com o meu sangue não coagulado

Eu estou tendo de volta
tudo aquilo que pareceu normal
mas fora arbitrário

Não quero mais ter motivos para atravessar a rua e ter que atravessar
para ter que poupar o desprazer que é fazer você me ver.

Desculpem, mas preciso me ausentar.
Não todo completamente
Mas buscando o silêncio
a cada instante perto de vocês
buscando a observação
que me fará compreender
e nisso fazer-me claro
tal quando breve será dia
novamente.

E depois noite
E depois, quem sabe depois,
em 2009
em 2010
será neve.

Quando vou morrer?



Eu nunca deixo de me dizer
Esperando, talvez, na morte
Ter a chance de salvar
o que hoje
eu acabo por perder.
.

Um comentário:

Amigos disse...

marlene disse q te adora.

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