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segunda-feira, 30 de junho de 2008

Convite à invasão da própria privacidade

E aí, gente? Tudo bem? Pode entrar. Fiquem à vontade.

(Silêncio. Quebrado por elefantes que adentram o espaço da sala. Onde eu não quero estar).

E aí? Tudo bem, gente? Pode ficar à vontade.

(Silêncio. Pelo quebrar das risadas e porcarias ditas. Na sala onde eu não mais quero habitar. Eu me dirijo ao quarto. E todos vêm atrás).

São suas cuecas?

São.

Essa faca, o que é isso?

Uma faca.

Para quê?

Para uma cena.

E esse telefone. Que cor é essa?

Fúcsia.

Qual?

Violeta-rosa.

Meio assim, não?

Um pouco. Tem problema?

É seu. O problema é seu.

(Barulhos na cozinha. O copo quebra. Qual copo, eu me pergunto. Espero que não seja...)

Quebrei o seu copo azul, tem problema?

Imagina, não esquenta, em limpo.

Tá conectado?

Tá sim, pode...

(Entraram no meu computador. Abriram arquivos, reviraram convites. Eu estou exposto. Não consigo me esconder. Pois então é assim que...)

Vieram fazer o que aqui?

Falar do seu rosto. Está oleoso, não?

Sim. Precisei me lustrar ao saber que vocês viriam. Criaturas pegajosas, não quero que mantenham o toque sobre mim. Pode acabar cegando, matando, fazendo doer. Saiam daqui, depresa. Agora e não ao amanhacer. Não voltem, sejam autônomos. Ou qualquer outra coisa que desejem ser, mas fora daqui.

(E saíram. Para nunca mais voltar? Não sei dizer, mas já faz segundos que suas vozes não consigo escutar)

...

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